Autoridades, forças e violências em “Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho: entre a abertura ao desconhecido e a imaginação do futuroTools Gonçalves Miranda, Rui (2018) Autoridades, forças e violências em “Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho: entre a abertura ao desconhecido e a imaginação do futuro. Remate de Males, 38 (1). pp. 75-99. ISSN 2316-5758 Full text not available from this repository.Abstract“Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho, nomeadamente a abordagem da estória aos indícios do mar Índico, funciona como um ponto de partida para uma reflexão sobre questões de lei, autoridade, força e violência. A estória suplementa literariamente visões históricas, geográficas, políticas e filosóficas; o mar, enquanto dispositivo textual e literário, irrompe no final da estória como elemento de conflito e suspensão, deixando o final em aberto e colocando em cena uma abertura ao desconhecido que permite repensar as relações entre o próprio e o outro enquanto mais que simplesmente o outro do próprio; entre os outros que os próprios (Autoridade e Força) procuram apropriar e espoliados (moradores e refugiados) em nome de uma lei e de um discurso que, extravasando o colonialismo (bem como o neocolonialismo e a pós-colonialidade), cinicamente apelam ao bem comum e simulam ter em mente os interesses da população e do “desenvolvimento” do país. O mar Índico, topos e tropo, não configura simplesmente um outro espaço/lugar (sob trajes utópicos e/ou heterotópicos) ou um outro “Futuro” que contrabalance o que se passa em terra firme, projetado pela Autoridade e respetiva Força. O mar (e os elementos associados, como os barcos e o areal) funciona como um dispositivo que ativa o papel e o direito da literatura de abordar o “real acontecido”, ao mesmo tempo que “imagina o futuro” e sugere visões alternativas às dominantes.
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